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domingo, 24 de janeiro de 2010

TRÊS SOB A MARQUISE

Eram três, dois homens e uma mulher, negros todos e estavam sob a marquise que os escondiam da intensa chuva. Olhei para eles, ela e seus rostos revelavam uma aflição comum. Tinham pressa, eu percebi, mas os caminhos não eram os mesmos, seus olhares não disfarçavam os rumos que buscavam. Chovia muito, os guardas-chuvas e sombrinhas jaziam inúteis e fechados ante tamanho temporal.

Se pudessem não estariam ali prisioneiros da água e frio, queriam estar aquecidos por cobertas quaisquer ou, mais ainda, um abraço completo entre o morno e o quente das escalas de afeições que a vida nos reserva. Mirei-os com a curiosidade de saber suas histórias além dos braços arrepiados e corpos encolhidos e castigados pela chuva, pude ver que naqueles pares de olhos havia uma dignidade incomum. Lembrei-me de Isabel e Violeta Parra.

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