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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O AVESTRUZ E O PIB DE POÇOS


O avestruz é aquele bicho esquisito que esconde a cabeça na vã esperança de estar se escondendo do mundo real. Aqui em Poços tinha uma figura muita simpática, boa praça, bom churrasqueiro que trabalhou muitos anos no Tiro de Guerra; dizem até que na Ditadura mandava mais que muita autoridade. Mas não é dele que estamos tratando.

Estamos tratando da entrevista que o prefeito concedeu para explicar o inexplicável – a tragédia do PIB de Poços de Caldas. Fez como o avestruz, o bicho. Enfiou a cabeça no buraco para fazer de conta que não é com ele esta história de Poços de Caldas descer ladeira abaixo na economia.

Vejamos o que diz o alcaide. Primeiro explicou que o PIB de Varginha não é bem o PIB de Varginha. Se você não entendeu não se desespere. Eu também não entendi porque ele não tem a menor idéia do que está falando. O valor decorrente das exportações em Varginha é o valor agregado pelo serviço, não é o valor produzido em outra localidade, é óbvio ululante.

Quanto à nossa cidade, a explicação beirou o ridículo. O essencial não é esta questão de ser a maior ou menor economia de uma determinada região e sim se a economia está em crescimento real, acompanhando os anos anteriores ou se não está. No nosso caso, não está. Pelo contrário, há sinais claros de contração e isto tem a ver com as políticas estratégicas de desenvolvimento que implantaram ou não no município. Insisto na gravíssima e criminosa decisão de congelar o Distrito Industrial e a incompetência na condução das questões envolvendo a construção civil. No Distrito Industrial, trouxeram a Mitsubishi... Cup!

Vamos às explicações. O alcaide reconhece que o ano de 2007 não foi dos melhores, os números também reconhecem. Veja, porem, o que ele acrescenta ao seu primeiro comentário: “Este é resultado de uma crise que estamos vivenciando. Mas vale a pena lembrar que estamos analisando dados de 2007. Acreditamos que em 2008, mesmo diante da crise, houve uma migração muito forte de empresas e de serviços para Poços de Caldas.”

Sou forçado a concordar com o alcaide. Se o PIB é de 2007, “vale a pena lembrar que estamos analisando dados de 2007”. Mas de qual crise que ele está falando? Da crise iniciada no segundo semestre de 2008? Estará ele, na condição de professor de administração, criando uma nova teoria econômica –“a da reversão temporal dos resultados das crises?” Neste caso o efeito (queda do PIB em 2007) viria antes da causa (crise de 2008). Teoria para prêmio Nobel.

Se no ano de 2007, sem crise econômica, Poços de Caldas regrediu, como seria possível em plena crise de 2008, reverter esta tendência? Seria outra teoria, provavelmente – “a teoria dos sinais cruzados”. Quando o Brasil cresce, nós encolhemos; quando o Brasil encolhe, nós crescemos. Para ilustrar sua tese, poderia o alcaide explicitar quais empresas e serviços que “migraram fortemente” para Poços de Caldas e quais seus impactos na geração de emprego, renda e riqueza. Desconfio de conversa fiada para desviar o foco da discussão.

O Brasil já saiu da crise. Já passou da hora de começar a trabalhar de fato e deixar de atribuir aos outros a responsabilidade que é apenas dele próprio. O primeiro passo é tirar a cabeça do buraco!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O PIB DE POÇOS – MIDAS ÀS AVESSAS

Rei Midas na mitologia seria o homem que transformava em ouro tudo o que tocava. Aqui em Poços parecemos viver o pesadelo do reinado dos Midas às avessas, que desvalorizam tudo que repousa em suas mãos. Nossa cidade vinha apresentando, há tempos, bons índices de avaliação que sustentavam sua posição entre as melhores do Brasil e, lógico, de Minas Gerais. Para lembrar, algumas destas referências importantes de nossa gestão de 2001 – 2004:


1 – Melhor Índice de responsabilidade Fiscal do Brasil.
2 – Melhor Índice de Gestão de Minas Gerais e segundo melhor do Brasil.
3 – 4º lugar em Minas no índice de desenvolvimento municipal da FIRJAN (9º em 2000).
4 – 117º lugar no Brasil mesmo índice (225º em 2000).
5 – 53º Emprego e Renda no Brasil (740º em 2000).
6 – 9º Economia (PIB) do Estado.
7 – Maior Economia (PIB) do Sul de Minas.
8 – Um dos maiores índices de crescimento, em Minas, de riqueza (PIB) no período.


Os itens 1 e 2 dispensam comentários. Poços de Caldas não aparece atualmente sequer entre as duzentas primeiras colocadas no Brasil, chancelando a inépcia com que vem sendo conduzida, administrativa e politicamente. Aliás, as contas públicas de 2008 permanecem no mais misterioso limbo. Como “ninguém sabe, ninguém viu”, já pode ser chamada de gestão “Conceição”.
Quanto ao item 3, os últimos dados disponíveis colocam Poços de Caldas em vigésimo lugar em Minas Gerais e 242º lugar no Brasil. Como se trata de uma mensuração pelo índice de Gini, estes números estão sujeitos à grande volatilidade, servindo como indicativo e ranking e, não propriamente, como medida local de qualidade.
Gravíssima, porém, é a situação referente ao crescimento da riqueza local, nosso Produto Interno Bruto. Poços já não é a maior economia do sul de Minas nem está entre as dez maiores do Estado. Nada de mais, exceto para nossa legítima auto-estima, não fosse a surpreendente e assustadora realidade dos números. Vamos a eles.


PERÍODO VALOR (x1000) CRESCIMENTO ACUMULADO
Ano - 1999/1999 - R$1.396.458
Ano - 2000/1999 - R$1.604.597 - crescimento - 14,9% 
Ano - 2001/2000 - R$1.852.325 - crescimento -15,5%
Ano - 2002/2001 - R$1.855.648 - Estável em alta - crescimento acumulado - 15,65% **
Ano - 2003/2002 - R$2.151.323 - crescimento - 15,93%   acumulado  34,07%
Ano - 2004/2003 - R$2.482.410 - crescimento - 15,39%   acumulado   54,70%
Ano - 2005/2004 - R$2.595.787 - crescimento -   4,56%
Ano - 2006/2005 - R$2.717.074 - crescimento -   4,67% acumulado - 9,45%
Ano - 2007/2006 - R$2.696.793 - Estável em queda - acumulado - 8,63%
 Dado disponível referente a um ano (*).
 Ano de forte turbulência na Economia brasileira (**).


A verdade inquestionável que os índices revelam é que Poços de Caldas encontra-se em franca decadência econômica, obtendo resultados pífios e até retração, enquanto o Brasil apresentava seu mais consistente ciclo de crescimento sustentado. É possível prever que este quadro decadente se mantenha, visto que o final de 2008 não foi tão positivo e que o ano de 2009 foi o mais impactado pela crise econômica mundial. Não é impossível que durante a administração 2005-2008, tenhamos crescido cinco vezes e meio menos do que o período da nossa gestão 2001-2004. Cinco vezes e meio menos! Haja talento!
A dupla Navarro/Corominas, professor e discípulo, jogou fora uma grande oportunidade de inserir nossa cidade no contexto do desenvolvimento econômico brasileiro, como afirmávamos. Quisera ter errado nas análises que fiz, mas infelizmente, acertei. Perderam-se na política miúda, sem visão estratégica, além do DME, dilapidaram nosso principal patrimônio – o futuro!
Um bom estudo seria capaz de apontar as causas dessa tragédia. Impediram a instalação de doze empresas, aprovadas pela Câmara Municipal, no Distrito Industrial, congelando-o de maneira criminosa e burra; nem ao menos uma fábrica de panetones instalaram lá.
A construção civil foi fortemente afetada pela paralisia nas aprovações de projetos, enquanto as “sumidades” debatiam por anos a fio, o novo Plano Diretor e a Lei de Uso e Ocupação do Solo, as que foram sem nunca terem sido. Nasceram imprestáveis. Resta a confiança na força e visão do nosso povo, a quem caberá resgatar Poços de Caldas para suas possibilidades e futuro. Midas às avessas, nunca mais!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A CONFECOM E O BRASIL NÃO SERÁ O MESMO

Realiza-se em Brasília a primeira Conferência Nacional de Comunicação, que envolveu dezenas de milhares de pessoas em suas fase preparatórias nos municípios e estados. Agora, cerca de mil e seiscentos delegados tem a oportunidade de debater as políticas de comunicação no Brasil e apresentar propostas que garantam o direito à informação. Não participam da conferência, as grandes redes de TV, rádios e os chamados jornalões, que a pretexto de defenderem a liberdade de expressão, recusam-se a discutir em condições de igualdade e democraticamente, os problemas seculares do setor e as necessárias reformas que hão de vir.
A verdade é que a notícia tornou-se um produto como qualquer outro, portanto sujeito às relações comerciais de custo, faturamento, interesse publicitário e, mais grave, condicionado às relações sociais e políticas dos controladores das grandes empresas. A chamada liberdade de expressão para a grande mídia é, na verdade, o direito de posse da notícia e seu tratamento editorial na conveniência do resultado financeiro imediato, majoritariamente da publicidade em geral, e futuro, decorrente da rede de preferências políticas que consolidam uma grave tendencia de partidarização e ideologização das editorias.
A ausência da "grande mídia" não diminui a importância da Conferência, pode ser até uma ausência produtiva, porque não diminui a legitimidade do evento e este vácuo pode ser ocupado por propostas efetivamente transformadoras. É a grande chance das mídias alternativas, em especial as redes eletrônicas e estações comunitárias, e dos pequenos meios de comunicação que tenham logrado não se contaminar pela espúria relação da publicidade e autoritarismo político com a notícia. Se assim for, como espero, o Brasil não será o mesmo. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ATÉ ONDE CHEGOU A REDE PANETONE DO DEM?


O mineiro de Itajubá José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal, foi pilhado com a boca na botija e as mãos na cumbuca. O único governador do DEM (ex-PFL) foi longe na construção de sua candidatura à vice presidente da República na chapa com José Serra, que já dava como certa a composição ao convidar o eleitor a votar em "um careca e levar dois". Ao que tudo indica, além do mensalão de verdade, com pagamento à deputados em troca de apoio automático, o esquema do Arruda andou irrigando campanhas pelo Brasil afora como forma de garantir sua indicação pelos correligionários. Arruda, aparentemente, logrou convencer velhos companheiros à voltar para a sigla.
Esta rede panetone precisa ser destrinchada, porque podemos estar diante de uma complexa operação de apoio à candidatos nas eleições municipais de 2008, envolvendo não apenas o "caixa dois" como tambem o uso da máquina do Distrito Federal na sua distribuição pelo país afora. Arruda, ao se defender, disse que o dinheiro recebido e visto por milhões de brasileiros em redes de TV e internet, era para comprar panetones para os pobres. Já havia ouvido falar de todo tipo de Robin Hood, mas este é o primeiro que toma dos pobres para devolver-lhes em forma de ... panetone de Natal. Não seria de todo impossível que caixas de panetone tenham chegado antes do Natal de 2008 em lugares que jamais suspeitaria nossa vã filosofia! É esperar e conferir. 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A RETOMADA DO CRESCIMENTO NO BRASIL

As principais emissoras de televisão e os grandes jornais (não tão grandes mais) noticiaram a retomada do cresimento brasileiro com o pessimismo editorial de sempre. Como não é possível deixar de falar do assunto, cuidam de acrecentar um "mas" ou um "senão". Não é de hoje que esta mídia aposta contra o Brasil como estratégia de desgastar um governo bem sucedido, que tem o reconhecimento de mais de oitenta por cento dos brasileiros e é visto, internacionalmente, como o conjunto de políticas de melhor resultado no mundo. Há poucos dias Jim O'Neill, do Goldman Sachs e criador da sigla BRIC para definir o protagonismo econômico de Brasil, Rússia, India e China, afirmou que nosso país é, entre os emergentes, o que se destaca em sua avaliação que reúne ítens como crescimento econômico, distribuição de renda, democracia, estabilidade, direitos sociais, etc. Na mesma semana o Brasil passou a integrar o sistema mundial de controle do sistema financeiro internacional.
Pois bem, mesmo com tudo isso a mídia partidarizada insiste em remar contra a maré. Sem resultados, acrescente-se. A verdade é que o crescimento econômico do Brasil no terceiro trimestre deste ano não é decepcionante, a não ser para os seguidores de Miriam Leitão, que apostava no Brasil encerrarando o ano como um "vendedor de bolachas comendo o mostruário para sobreviver".
Os números indicam tecnicamente o fim da recessão e apontam para um cresimento de 5 a 6 % em 2010. Sim, vencemos a crise! Graças a um governo que não se intimidou e partiu para ações corajosas de incentivo ao consumo interno, com redução de impostos, de juros e aumento no crédito. Seremos em poucos  anos a quinta economia mundial; em 2032 só seremos menores que a China, os EUA e a Índia, nesta ordem. O Brasil do futuro já é presente!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PT DE MINAS NO NÍVEL DO RODAPÉ

As eleições internas do PT em Minas não tem fim. Não acaba porque não há apuração, nem para de produzir fatos extremamente graves levando o partido a uma crise sem precedentes, visto que já não é mais interna. É uma crise que emerge das entranhas evisceradas e exposta aos olhares incrédulos de seus simpatizantes e à ironia festiva de seus adversários.
O processo começou mal, tem suas raízes nas filiações em massa de Belo Horizonte, continuou na mesma linha com o rolo compressor e os artifícios para afrontar decisões do Diretório Nacional relativas à política de alianças; mergulhou fundo na disputa sem regras, esquizofrênica e antropofágica do primeiro e segundo turnos. Quem se prestou a esse papel foi o Reginaldo Lopes. Incrível como não tenha se esforçado para evitar o grau de comprometimento de sua ação e, mais grave, não ter percebido que foi usado como uma peça qualquer neste processo. Reginaldo depois desse PED não tem legitimidade perante os petistas, tampouco utilidade para seus aliados; será sempre um nome ou rosto a ser escondido. Reginaldo imolou-se por nada. Imolou-se pelos métodos, nas comemorações antecipadas e suspeitas, na tentativa de criar fatos consumados e aquietar seus adversários internos. Imolou-se na grotesca condução do processo eleitoral e nas indigentes decisões da apuração.
Reginaldo era o presidente do PT, podia e deveria ter criado condições para uma disputa interna com um mínimo de decoro, mas preferiu agir como o pior dos candidatos misturando seus objetivos com a utilização mais descarada da máquina partidária. Perdeu o controle do processo, deixou desandar, apostou no vale tudo, achou que ganharia no voto ou na marra. Muitos de nós que construímos nosso partido fugindo da polícia, agora assistimos, desolados, o presidente candidato trazer a polícia para dentro do partido. Uma vergonha.
Entretanto, quando já imaginávamos ser impossível descer mais, Reginaldo colocou o PT de Minas no nível do rodapé - determinou a não apuração dos votos e foi para casa esperar pelos acontecimentos. È o fim nostálgico de uma promissora liderança. Que pena!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A OPOSIÇÃO E O PRÉ SAL

Abertamente reveladora a postura da oposição, formada pelo DEM/PSDB e o PPS no debate e votação do marco regulatório do PRE SAL. A grande descoberta das jazidas de petróleo no litoral brasileiro, possível pela recuperação da capacidade de investimentos da Petrobras por decisão do governo Lula desperta e escancara o caráter privatista e entreguista da oposição. Durante oito anos o governo FHC atuou no sentido de desmontar esta grande empresa nacional e entregá-la fatiada aos grandes empresários nacionais e estrangeiros. O que valia muito agora vale muito mais. O PRE SAL coloca o Brasil potencialmente entre os grandes produtores mundiais e a proposta de regulamentação para exploração desta riqueza, feita por Lula, garante que toda esta riqueza seja distribuida com o objetivo de melhorar as condições do povo brasileiro. De um lado temos o PT e os partidos da base aliada na defesa dos interesses do povo brasileiro, de outro lado o PSDB, o DEM e o PPS alinhados com o grande capital, buscando desesperadamente impedir que tamanha riqueza constitua um Fundo Social permanente a resgatar os séculos de política econômica concentradora e cruel para a maioria.
Olho nestes traidores da Pátria!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ELEIÇÕES NO PT DE MINAS - UM RECADO DAS BASES

O PED em Minas Gerais neste ano é algo para ser e não ser esquecido. Ser esquecido pelo desgaste do vale tudo, do dinheiro correndo solto, das provocações e baixo nível da campanha. Não ser esquecido pelas mesmas razões e lições que podemos tirar de um processo pobre de debates e propostas, mas generoso de arrogância, prepotência e autoritarismo. Ainda no calor das apurações e no travo amargo dessa ressaca é possível identificar sinais animadores e muito claros dados pela militância e base partidárias. O primeiro e mais óbvio é o sinal de vida, a militância de base não morreu e, pelo contrário, mostra força e compromisso. Nem toda força empregada neste rolo compressor foi capaz de oferecer ao companheiro e presidente Reginaldo uma vitória avassaladora, prometida para o primeiro turno. O petista de verdade disse alto e bom som "estou vivo e presente". O segundo é que se, eventualmente, um acordo por cima tem sucesso não é sempre que isso ocorrerá. O terceiro é um recado mais duro - o PT não é apenas uma sigla ou abrigo para projetos gestados em gabinetes, é uma identidade, é uma expressão social, é um corpo dinâmico que pensa e não aceita ser objeto de troca.
A composição do diretório e a apertada disputa do segundo turno significam que não haverá fato consumado ou imposição de candidaturas majoritárias, em particular a de governador. Venceram a sobriedade e a ponderação do Ministro Patrus Ananias que desde o princípio do processo eleitoral reafirmou a diferença entre a escolha da direção estadual e a escolha de candidatos.
Certamente o recado mais importante é o próprio resultado que não dá maioria consistente a nenhum dos campos em disputa, de modo que nossas chances em Minas só exisitirão de fato se houver diálogo, reconstrução de pontes e, sobretudo, a busca da unidade. Seja qual for o resultado a candidatura do Gleber foi capaz de despertar o PT mineiro para seu horizonte de possibilidades.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

BLOG DO NASSIF: LULA NA ALEMANHA

Lula na Alemanha ganha o reconhecimento do mundo.

CORRUPÇÃO E REFORMA POLÍTICA

As recentes denúncias de corrupção envolvendo o Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul correm o risco de, após a espetacularização das notícias, desaparecerem frente a fatos mais marcantes a chamar a atenção da mídia e da sociedade. Neste momento, as pessoas que vivem o epicentro dos acontecimentos torcem, fervorosamente, para a "onda" passar.
O que chama a atenção é a opção pelas manchetes, as análises partidarizadas na TV e nas manjadíssimas colunas, cujos titulares não resistiriam a uma operação pente grosso, não precisaria nem ser pente fino. Na política, a disputa é pelos holofotes, onde mariposas histriônicas e midiáticas apontam os dedos de vestais ao saco de pancadas da vez. Neste ninho não há irmandandade, muito menos solidariedade, o que vale é a imagem levada ao eleitor.
Onde o acessório toma o centro do palco, o essencial senta na arquibancada. O essencial no caso é a estrutura partidária, as relações de poder e o realismo eleitoral que levam o exercício da política para um vale tudo absurdo e abjeto. O essencial é a reforma política.
Mas como fazer uma reforma política? No ano passado, o presidente Lula defendeu uma mini constituinte com o objetivo de levar a cabo esta tarefa. Seu raciocínio simples e muito claro é que não haverá reforma pelas mãos dos que se acomodam e se dão bem neste contexto. A proposta do presidente recebeu uma avalanche de críticas e impropérios, principalmente destas figuras patéticas da política e da mídia que fingem surpresa a cada novo escândalo.
O que devemos extrair desta nova onda de pagamentos por fora, mensalidades parlamentares, contratações irregulares e caixa dois é o fortalecimento da conveniência de uma constituinte para a reforma política, que possa considerar o voto em listas, financiamento público das campanhas, a representatividade dos estados, a utilidade ou não do senado, as cláusulas de barreira e as federações partidárias, o voto impresso, etc. Os membros desta constituinte eleitos, democraticamente, pagariam quarentena sem disputar eleições nacionais, assegurando o equilíbrio e a serenidade tão necessárias e tão ausentes hoje ao ato de legislar.
A partir de um marco legal assim concertado, os episódios de corrupção política que, eventualmente, recorresem passariam a ser tratados como meros casos de polícia.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O DME TEM SAÍDA?

Sim. O DME tem saída.


O Departamento Municipal de Eletricidade, construído em meio século de compromisso público e dedicação foi arrasado pela infeliz coligação que governa Poços desde 2005. Uniões inspiradas pela revanche e pela traição, sentimentos minúsculos, não podem mesmo gerar frutos dignos de serem apreciados.

O gênesis do DME está na insatisfação com a qualidade dos serviços elétricos que eram oferecidos a Poços de Caldas nos anos no século passado. Depois de várias tentativas de resolver tão grave problema, entendeu a cidade que a solução só poderia partir dela própria. Assim, o DME foi se afirmando como uma das mais bem avaliadas experiências de soluções locais, com repercussões nas esferas de governo, mas também no setor privado que identificou em nossa autarquia um parceiro importante para investimentos em geração pelo Brasil afora. Num tempo em que as PCHs – pequenas centrais hidrelétricas estavam fora de moda, nossa cidade apostava firmemente neste modelo, criando soluções e alternativas reconhecidas nos meios acadêmicos e setoriais.

Foi por causa do DME, que um presidente da República voltou a Poços depois de uma ausência de mais de 50 anos.

Entretanto, o que parecia sólido vai se desvanecendo pela incompetência, pela falta de espírito público, pela cegueira estratégica e, por que não dizer, pela ganância. O DME hoje é um arremedo do que foi. Seus recursos foram sugados, pirateados, exauridos pela política do curto prazo e atitudes da senilidade perdulária que, vislumbrando o fim da jornada, colocam-se a por tudo a perder sem nenhuma preocupação com o futuro dos que ficam. O DME hoje não possui um terço das reservas e não vale a metade do que valia em 2004.

O setor elétrico de Poços de Caldas se encontra hoje em mãos “estrangeiras”. Não se podem esperar delas a sensibilidade, o orgulho histórico, a percepção da posse coletiva de um bem construído ao longo de gerações. Entretanto, devemos exigir dessas mãos “estrangeiras” honestidade no trato deste patrimônio que é nosso e lisura no debate sobre o futuro do DME. Em primeiro lugar, é mentira, repito, é mentira que a ANEEL queira a privatização do DME. Privatização era coisa do governo passado; hoje o presidente Lula lidera uma política de afirmação do Estado. Quem diz aos funcionários ou à sociedade que a ANEEL quer o fim do DME, está mentindo a serviço de um projeto que visa entregá-lo a grupos econômicos de sua preferência. Neste caso são apenas lobistas da pior categoria. Ou na linguagem muito própria da época da criação do DME, “quinta-coluna”.

A saída para o DME passa pelos seguintes pontos:

1 - Resgate do papel de seu corpo técnico de excelente qualidade e pela criação de um Conselho de Administração com representação de antigos e atuais funcionários, dos usuários e prefeitura, com aprovação legislativa.

2 - Fim da abjeta, irresponsável e ilegal sangria dos cofres do DME.

3 - Retomada das relações com os tradicionais sócios em consórcios de geração de modo a recuperar a confiança dilapidada pelo autoritarismo ultrapassado e saudosista, deslocado no tempo e desambientado das relações institucionais contemporâneas.

4 – Criação de um grupo permanente de negociação com a ANEEL, que já demonstrou anteriormente sua sensibilidade às particularidades do DME, buscando normas e portarias que as atendam.

5 - Articular-se com os bancos de fomento e fundos públicos para retomar investimentos na geração e, principalmente, na distribuição para posicionar-se diante do fim do período de concessão, que pode vir a ser prorrogado.

6 – Devolver aos poços-caldenses a direção do DME. Temos gente, com certeza, de maior capacidade que esses trazidos de fora por interesses alheios ao público e com a vantagem de entenderem que o DME é parte de uma história que não pode se acabar em razão da incúria e do descaso com as coisas que dizem respeito ao povo e a cidade de Poços de Caldas.