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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ZECA VIGILATO

Na cidade de Oliveira, Minas Gerais, tinha um tal de Zéca Vigilato, que fazia de um tudo, como diz o caboclo. Gambiarra de luz, encanamento, meia sola em sapato, conserto de geladeira, regulagem de carburador, capação de porca, parto de égua, etc. Era o sabe-tudo, simpático e respeitadíssimo. Nos anos 70 o MOBRAL chegou por lá e na solenidade de abertura estavam deputados, prefeito, o bispo, os primeiros alunos e, óbvio, o Zéca. A professora para demonstrar a técnica de alfabetização (era o método Paulo Freire mas a Ditadura dizia que não), desenhou uma viola no quadro e escreveu as sílabas: VI – O – LA. Depois de muito convidar os alunos, que tímidos se recusavam, para demonstrar como era fácil ler, acabou aceitando a persistente oferta do Zéca. “Vem você mesmo, Zéca, embora você saiba tudo!”
Zéca puxou o cós da calça para cima, aprumou o olho na viola desenhada, meteu os dedos compassados nas sílabas e leu: “CA – BA – ÇA”!
Ele era um bom homem e simples, mas há muita gente que se acha e não distingue viola de cabaça.

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