Não sei de onde terá surgido um anjo como esse em minha vida, nem mesmo porque razão haveria de encontrar pelo caminho alma tão bela e abraço tão largo. Que grandeza havia em tamanha humildade, no seu jeito de arranjar os óculos, enquanto conversava, seduzia, conquistava, trazia para o seu afeto os que vinham chegando no seu latifúndio de carinho! Sofreu e chorou como muitos neste mundo, mas amou como só ela poderia amar, como uma porta que não fecha e um coração que ainda pulsa na saudade de quem a conheceu.
Papai, um vez ao dia, pelo menos, lembro de algo relacionado à Tia Mirtes. Sempre lembranças repetidas, como a comida que deixava esfriar no tanque pro filho sistemático, as tardes de domingo com todas as primas jogando baralho, ou passeios sem rumo, com rumo certo: sua casa. Lembro de coisas que nem vivi, que só ouvi falar. Das gavetas com laranjas separadas, dos sobrinhos que aninhavam sem hora pra sair, e de tudo que passou e eu não vi, mas lembro como se ali estivesse. A Tia Mirtes é uma daquelas pessoas raras, que de tão anjos, nos dão o presente de sentir o cheiro do seu pão de queijo com pernil, do seu café doce, da sopa de farinha de milho. Apenas anjos tem cheiro, e aquela carinha que nos abençoa todo santo dia em nossas lembranças.
ResponderExcluirNão encontro palavras e nem jeito bonito de escrever alguma coisa sobre esta maravilhosa mulher.
ResponderExcluirFalo sempre que aprendi muitas coisas com ela, muitas mesmo.
Foi minha mãe e de mais um monte de gente.