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quinta-feira, 1 de julho de 2010

BRASIL X HOLANDA

1974. Útlimo ano do governo Médici, mesmo ano em que um Holanda, o Chico Buarque, lançou o LP Sinal Fechado, assinando composições com pseudônimos. O Brasil ainda vivia a euforia econômica, mas já dava sinais de impaciência com a Ditadura. O MDB, partido consentido da oposição, ganhou de lavada aquelas eleições. A repressão brutal e a censura alimentavam o regime. Morava em Tupaciguara, próximo à Uberlândia, onde existia um campus de disciplinas profissionalizantes da Faculdade de Veterinária. Dividia meu tempo com o curso, com o DCE, com a militância estudantil semi-clandestina, infindáveis e repetidos interrogatórios no 36° Batalhão de Infantaria de Uberlândia. A correspondência chegava aberta, os agentes dos órgãos repressivos se infiltravam como estudantes ou frequentadores dos mesmos lugares que nós. Dormia-se como se o sono viesse em soluços intercalados de pesadelos. O General Médici fazia apologia do Brasil potência, "ame-o ou deixe-o" e o futebol era um de seus instrumentos. Combinamos torcer contra o time do Brasil como forma de oposição ao arbítrio. Não deu; mal começou a copa, o coração brasileiro e torcedor falou mais forte. Ao fim, choramos a derrota para a Holanda, 2 a 0, gols de Neeskens e Cruyff.

2 comentários:

  1. fico imaginando se o pessoal do DEMo que sonha com a volta da ditadura viveu essa época.

    Quanto ao jogo de 74 não posso comentar, pois nem nascido era, já o jogo de amanhã será o primeiro grande desafio do Brasil na copa, mas com certeza dará tudo certo, por mais que falam do Dunga ele está mostrando seriedade e tem um time consistente.

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  2. Oi, Paulo. Acabou que não nos encontramos em Varginha. O pessoal espera você lá. Me lembro bem desse jogo. Ainda estava no colégio. Na época aprendi com meus colegas de uma escola marista de BH a gostar de três coisas: da MPB dos festivais; do rock progresivo britânico; e do Ajax de Amsterdã, que era a base da Laranja Mecânica. Eles ganhavam tudo e pareciam uma banda de rock. Isso me fazia gostar mais deles. Era o Galo aqui e os cabeludos holandeses no mundo. O time/banda de rock do Ajax ganhou vários Campeonatos europeus seguidos, mas nunca quis vir à América do Sul disputar a primazia mundial. Não queriam lidar com ditaduras.

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