MINHA NETA MANUELA

Entre os sonhos que me assediaram
nos anos de minha vida,
muita coisa criei
na paisagem que me invadia,
sonhava o desconhecido
e o desconhecido me invadia,
insone nas noites a pensar
em um sol de meio dia!

Que sol seria esse
que em minha noite
inquieta se abria?
Era o dia que findava
ou o dia que viria?
Que luz seria essa
a misturar noite e dia -
minhas noites insones
ou o sol do meio dia?

Anunciou-se vagarinho,
caprichosa e passarinho,
nos sonhos que assediavam
as noitas claras
que despertavam
alguma coisa que desconhecia,
eu só não sabia
que nas coisas que sonhava
minha vida se transformava
em um sol de meio dia!

Dolente, não percebia
que a cortina se abria
e diante dos meus olhos
uma vida se apresentava
em susto prematuro,
meu peito apertado
disperso não distinguia
que naquela angústia
minha filha trazia
o sol do meio dia!

Meus braços demorados
adiaram o abraço,
era como se olhasse
uma margem próxima
e a enxergasse tão longe,
como se sob a luz,
meu coração inseguro
e a alma amendrontada
a mim não permitiam
que o abraço que me esperava
era a luz do meio dia!

Seu olhar manso e claro
meu entorno irradia,
como as flores que se abrem
ao sol do meio dia,
como vento que sopra
entre brisa e ventania.
Como esses cabelos dourados,
a pele fresca e cheirosa
a mão nervosa que anuncia,
como a dizer ao mundo -
Eu sou o sol do meio dia!