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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

UM GRANDE DENTISTA

Conheci, na infância, um amigo do meu pai, pequeno no tamanho e grande de coração. Homenzinho agitado, andava pelos corredores da Escola onde trabalhava, perguntando sobre seus óculos, que invariavelmente estavam sobre a cabeça. Tinha fama de saber lidar com crianças, aquela aura de "psicologia", hipnotismo, etc. Tinha lá um menino que sofria, mas não abria a boca pra dentista nenhum. A mãe, recomendada por conhecidos,  levou o filho ao nosso amigo e, cheia de cuidados, falou do problema do menino, seus medos, pediu paciência, carinho, essas coisas de mãe. Nosso pequeno grande dentista ouviu pacientemente, colocou o babador, abriu delicadamente a boca do amedrontado, localizou o dente ruim e pediu a mãe que saísse. Tão logo a porta se fechou, muniu-se do boticão e bradou: - "A-bra a    bo-ca, mo-le-que!" Apavorado, o menino passou por baixo dos braços dele, abriu a porta, atravessou a sala de espera e chegando na calçada, olhou para trás, viu o dentista. Correu morro acima, entrou nas Casas Penambucanas e, quando achou que tinha se safado, o dentista de boticão em punho juntou-o pelo colarinho: "Abra a boca, moleque!".  Não teve saída; seu primeiro dente foi arrancado, enquanto era espremido em uma gôndola de tecidos!

Um comentário:

  1. Um dos meus primeiros dente de leite foi retirado com um movimento súbito e com força de seu polegar com gosto de nicotina. Era o que se podia na época, um menino sozinho frente a um GRANDE dentista.
    André

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