Realiza-se em Brasília a primeira Conferência Nacional de Comunicação, que envolveu dezenas de milhares de pessoas em suas fase preparatórias nos municípios e estados. Agora, cerca de mil e seiscentos delegados tem a oportunidade de debater as políticas de comunicação no Brasil e apresentar propostas que garantam o direito à informação. Não participam da conferência, as grandes redes de TV, rádios e os chamados jornalões, que a pretexto de defenderem a liberdade de expressão, recusam-se a discutir em condições de igualdade e democraticamente, os problemas seculares do setor e as necessárias reformas que hão de vir.
A verdade é que a notícia tornou-se um produto como qualquer outro, portanto sujeito às relações comerciais de custo, faturamento, interesse publicitário e, mais grave, condicionado às relações sociais e políticas dos controladores das grandes empresas. A chamada liberdade de expressão para a grande mídia é, na verdade, o direito de posse da notícia e seu tratamento editorial na conveniência do resultado financeiro imediato, majoritariamente da publicidade em geral, e futuro, decorrente da rede de preferências políticas que consolidam uma grave tendencia de partidarização e ideologização das editorias.
A ausência da "grande mídia" não diminui a importância da Conferência, pode ser até uma ausência produtiva, porque não diminui a legitimidade do evento e este vácuo pode ser ocupado por propostas efetivamente transformadoras. É a grande chance das mídias alternativas, em especial as redes eletrônicas e estações comunitárias, e dos pequenos meios de comunicação que tenham logrado não se contaminar pela espúria relação da publicidade e autoritarismo político com a notícia. Se assim for, como espero, o Brasil não será o mesmo.
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