Lula acaba de lançar o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos e já enfrenta intenso e desleal fogo amigo. Ministros como Nelson Jobim e Reinhold Stephanes, Defesa e Agricultura respectivamente, trouxeram para a cena pública um debate extemporâneo e que deveria estar circunscrito ao âmbito de governo. Agem, claramente, na expectativa de reverter na sociedade o resultado de longas negociações interministeriais, no qual não se sentem contemplados.
Jobim parece mais interessado em criar, para Lula, dificuldades junto às Forças Armadas e fortalecer-se como interlocutor; é a velha máxima de criar dificuldades para vender facilidades. Stephanes reproduz um discurso reacionário de algumas lideranças rurais que há muito tempo não representam nem os interesses e, ainda menos, o pensamento dos agricultores brasileiros. Ambos, cada um ao seu modo, são vozes e gestos destoantes de um governo afinado e bem sucedido; articulam-se antes fora do governo fortalecendo um viés corporativo e arcaico.
O terceiro PNDH é a reafirmação de teses debatidas pela sociedade brasileira há muito tempo e reproduz, em parte, enunciados do governo Fernando Henrique, o que não impede a papagaiagem alegórica dos tucanos do PSDB, DEM e PPS.
Se este governo não respeitasse a institucionalidade das questões fundiárias, como quer fazer crer o Ministro da Agricultura em seu discurso embalsamado, já teria desapropriado as terras griladas e improdutivas da presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Por outro lado, as reflexões referentes ao período da Ditadura são fundamentais para a verdadeira pacificação nacional. Propor um mergulho na verdade do período de 1964 a 1985 não significa afronta aos militares. Pelo contrário, os militares fariam muito bem de se darem ao respeito, separando sua história e suas responsabilidades dos atos de banditismo e covardia cometidos por ínfima parte de suas forças.
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